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quarta-feira, 8 de dezembro de 2004

Hoje estou de luto

Não no sentido real da palavra, até porque nada me diz o luto, mas em termos de sentimento. Todos os anos repito o ritual. Compro uma vela roxa e acendo-a frente à única foto existente no meu quarto. Florbela Espanca.

Nasceu a 8 de Dezembro de 1884. O mesmo dia viu ser o seu baptismo, o seu 1º casamento e, 36 anos mais tarde, a sua morte.

Porque para além de ter sido uma revolucionária social e pessoalmente, era extremamente frágil. Porque para além da excelente poetisa, foi uma mulher que soube viver a poesia. Porque para além de ter sabido viver para a poesia, tem-me ajudado a mim a fazê-lo. É mais que uma diva. É mais que uma inspiração. É uma musa!

Pode ser plena paranóia em mim, mas eu vivo com ela. Há quem idolatre músicos até ao fim do mundo, há quem venere pintores e actores em altares de telas e de palcos, eu respiro-a em cada pó espalhado nos seus livros, nos seus poemas, nos meus livros dos poemas que escrevo, nas páginas da minha vida.

Hoje, dia 8, vou a Évora onde está sepultada. Algo que sempre quis fazer, um dia, na vida.

by: magnotico

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