<$BlogRSDURL$>

terça-feira, 22 de março de 2005

Gazeta!

Fiz hoje gazeta às aulas!
Depois de uma noite passada em boa companhia, e tardiamente a casa ter chegado, era quase óbvia a dicil tarefa de acordar a horas decentes para ir a meio-dia de aulas. Sabia, já de antecedente, que só teria aulas da parte da manhã. Acordei por volta das 12h30!

Passava, então, das 15h. quando fui ter com o Carlos a casa dele. Demos uma passeata pelo Chiado, onde ficámos a saber que "O Pai Natal é gay (tralala lala lala la la) Leva na peida do cristo Rei" (oh gOdd!), e fui matar saudades do chocolate quente do A. Naninni. Acabámos por jantar pela zona, terminando com um café no Café dos Teatros.

Seguimos para Alverca onde, às 21h30, teríamos então de "marcar presença" na
Biblioteca Municipal de Alverca para assistir ao espectáculo "Eu não sou assim, escreveram-me assim", do grupo Andante - Associação Artística, do qual já vos falei.

E que bem fizémos em ter aceite o convite!

O espectáculo começou a horas certas! Na Sala Polivalente da Biblioteca Municipal disposeram-se cerca de três dezenas de espectadores. O meu primeiro medo estava afastado! Temia que fossemos os únicos a comparecer no sítio... Não queiram imaginar o quanto lamento, ainda, de haver tão pouca gente interessada em cultura! Mas a sala estava meio-vazia, já não era um mau começo!

Começara, então, o espectáculo. O cenário, simples, ostentava uma porta/janela com cortinas brancas de correr, uma secretária atafulhada em folhas de papel e a sua respectiva cadeira, uma outra cadeira afastada da dita secretária e mais folhas de papel espalhados no fundo de cena.

Apareceram os actores. Ele, vestido de branco, assemelhava-se a um médico. Ela, de negro, transparecia tristeza. Iniciaram com alguns versos, dos que facilmente fui reconhecendo, de Bernardim Ribeiro. Seguiu-se Luis de Camões e uma extensa alusão ao lirismo camoniano, da "fermosa Leanor vai descalça e não segura" às estrofes d'Os Lusíadas à D. Inês de Castro... Usava-se a pena.

As declamações continuaram. Camilo Castelo Branco e Eça de Queiroz viram-se relembrados em curtos episódios do "Amor de Perdição" e "Os Maias". Escrevia-se com caneta.

Seguiu-se a máquina de escrever... As excelentes interpretações de Florbela Espanca no soneto "Eu..." (Eu sou a que no mundo anda perdida) e Mário de Sá-Carneiro com o poema "Como eu não possuo" (Falta-me egoísmo para ascender ao céu).

O computador e Manuel Alegre, Sophia de Mello Breyner, Maria Velho da Costa e Al Berto. Até as SMS foram lembradas como forma de escrever poesia! Terminou-se com um genial poema das trovas palacianas de João de Roiz Castelo Branco, "Partindo-se".

"Genial!", repeti eu variadas vezes no decorrer deste orgásmico espectáculo! Saí de lá com a alma lavada! Dois actores excelentes, interpretando poemas muito bem seleccionados, num cenário simples mas cheio de tudo! O som é de se louvar (Múm, Goldfrapp, Björk, Portishead, Sigur Rós... and so on)! Até os próprios silêncios... Tudo no seu certo tempo. Tudo no seu certo sentir!

Pena tenho de não ter demorado mais que cerca de 50 minutos, e do próprio público não engrandecer o merecido engrandecimento da peça...

by: magnotico

P.S. - Muitos poetas me ficaram por reconhecer, como é óbvio. Ary, Botto, Pessoa, Ruy Belo...

|

This page is powered by Blogger. Isn't yours?